Nenhuma Eternidade
(Unveiled Isis)
Maia
Ainda seja cedo, por mais tarde que pareça,
quando se revelar a verdade
e todos os mistérios esclarecidos caiam
como incertos futuros do pretérito,
ou míseros fatos do passado.
Seja assim como uma benção,
uma unção da derradeira liberdade:
estarão os olhos da humanidade abertos,
o inconsciente coletivo finalmente acordado
e o espirito não será mais obra do imaginário.
Esteja viva, flamejante, ardente,
a luz divina que lhe saltar aos olhos.
O novo ciclo lhe venha doce... plácido,
me venha, então, pleno... mágico
e os destinos todos se cruzarão no espaço
em novos os lares, os sonhos reformados,
imóveis pré-moldados adquiridos à prestação
e meu lugar no bonde da ilusão foi ocupado...
Mas esteja o meu caminho
um tanto acidentado, sombrio, sozinho,
e a solidão seja apenas uma pista...
que toda dor deve ser paga a vista
e o irmão, logo ao lado, também é solitário.
Seja decretado o fim dessa agonia
e minha estrada fria, a vida, não termine nesse rio.
Do pilar desse vazio se erguerá a ponte
e em júbilo há de acudir o povo...
aos borbotões, eufóricos, embriagados,
a festejar o regresso do filho pródigo.
Seja fundamental o teor dessa sentença,
que nenhuma dor, descrença, apatia ou feitiço
e, sobretudo, nenhuma eternidade
tenha a capacidade de impedir o crescimento
ou mesmo calar a alma