Sem Revanche Rubem Garcia – O Coringa Já não quero mais nenhum apego, Nem encontro cabeça-de-nego, Já não caminho mais com medo... Tampouco guardo segredos, Ou espalho maledicências... Já perdi minha fé na ciência... Já é largo o descrédito da igreja... Ainda a pouco me deram cerveja... E o que bebi foi amargo. Já é tarde para mais um trago, Ou para trazer de volta a infância. E é tanta e tão ruidosa minha ânsia, Não quer parar meu vômito verborrágico. Já não é meu o momento, não é mágico, Mais um tremelique tragicômico, Perto demais do cogumelo atômico, Longe da parede em que fiquei impresso, Boneco de gesso em propaganda da Esso, É cedo demais para tirar proveito, Clamar por carícia e respeito, Dignidade, misericórdia... Chamar pelos campos da Arcádia, E da Felinia na Amacórdia... Um nome que foi perdido, Foi esquecido por todos nós. Ainda assim estará oculto, Nublando os olhos, embaçando a voz. |
Herdei o verso dos bêbados... Pari o verso dos párias matei o verso da cátedra, e na Catedral, das Cinzas renasci...
3.8.06
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