Herdei o verso dos bêbados... Pari o verso dos párias matei o verso da cátedra, e na Catedral, das Cinzas renasci...
29.12.06
Editoria de fim de Ano
Espero estar aqui mais uma vez no ano novo, e prosseguir nessa missão sublime de escrever o que pouco interressa aos homens. Que a virada de ano nos traga mais paz, mais prosperidade, menos pilantragem no geral e menos espaço para demagogias. Estarei aqui, por mais um ano, como sempre aliás, reduzindo a versos minha visão de mundo (por mais torta que seja),
me esforçando para lhes escandalizar, embaraçar constranger, sempre que possível. Nesse atual estágio "devezenquandário" que é o meu acesso a internet não prometo uma periodicidade regular nas postagens, o que já virou marca registrada desse blog nesses quase dois anos de postagens, mas considero isso melhor que as tradicionaias promessas de fim de ano que ninguém quer cumprir. Aqueles que acreditarem testemunharão!!!
Rubem Garcia - O Coringa
19.11.06
Mutretas e Monaretas
Desbravador das Taperas,
Quero Celebrar este marco,
Divisor de novas eras.
Maniaco Televisivo,
egresso dos anos setenta,
é dono de um pensamento ativo,
que encanta e acalenta.
Nasceu com alma de artista,
alma bêbada de poeta,
embora prefira se dizer letrista,
distinção que não me afeta.
Depeja o nosso Van gogh,
seus petardos pela rede...
visitai logo este blog,
ou estais perdido, leitor, crede!!!
25.10.06
31.8.06
Um mero Símbolo
Rubem Garcia - o Coringa
Quando engolir o gole de arsênico,
Lembra do claro, lembra do escuro,
Toma partido, ou sobe no muro...
Porto seguro para o traseiro,
Se por dinheiro, melhor ainda,
Sem olhos para baixo, nem corda para cima,
Buscando a rima na contramão.
Buscando a vida, a analogia,
Buscando a trégua na bomba atômica,
Que nem a formiga biônica,
E supersônica,
Ou gim com gelo e água tônica,
De forma irônica,
Égua plutônica quer meu tesão.
Eu mesmo não quero ver a bela...
Mesmo sendo a fera,
Ou a megera que vende caro,
A flor mais pura, o sonho mais caro.
Sem anteparo caiu do muro...
Foi esmurrado, foi agredido,
Ficou ferido... foi dado morto..
Dado estatístico,
Língua de trapo,
Papo de físico,
Cuspe de tísico,
De metafísico...
Cura a tensão.
Não quero a unção quero a cara dura,
O corpo fechado.
Sendo esquecido no meu passado,
Passando cego entre os espinhos,
Meio calado, meio dormindo,
O organismo meio falindo,
E o Estado rindo e confabulando,
Desconfiando e me conferindo,
Negando o salário.
22.8.06
O pior Xingamento do mundo.
Nada mais duvidoso do que frango que vira mortadela. Nada mais impreciso do que frango que vira mortadela. Nada mais digno de pena do que frango que vira mortadela. Vítima dos acontecimentos?
Nada mais desprezível do que frango que vira mortadela. Nada mais vil do frango que vira mortadela. Nada mais mesquinho, pequeno, do que frango que vira mortadela. Nada mais asqueroso do que frango que vira mortadela. Vitimado por sua vileza, vendido, leproso, corrompido, maculado, apodrecido nas entranhas, mas conservando boa aparência.
Nada mais engraçado do que frango que vira mortadela. Nada mais escrachado do que frango que vira mortadela. Nada mais bobo que frango que vira mortadela. Nada mais risível do que frango que vira mortadela. Nada mais estúpido do que frango que vira mortadela. Essa vileza torpe de rir da miséria alheia. Alheio ao próprio traseiro. Vendendo o de trás por dinheiro, e apedrejando prostituta.
Nada contra a indústria alimentícia, ou Contra o poder de polícia exercido em favor do estado.
Não é um protesto ecológico, muito menos um meio lícito para resolver um problema.
Não é um capricho lúdico, são escárnio e desígnio bíblico. È defesa contra o político abala o golpista cínico. Ofende até em nível anímico, até por preceito químico, ou antes, alquímico. Igual ao “mija agachado” inserido no patronímico.
Está cunhada nova expressão idiomática, ungida e sacramentada. Muito bem fundamentada, e juramentada no rol da gramática. Só nos resta pô-la em prática, sem atinar muito para lógica. Em qualquer conversa fática, em qualquer discurso mórbido. Em meio a um tumulto súbito, pela frente ou por trás do próximo.
Favor manter fora do alcance de crianças.
4.8.06
Nau sem rumo Rubem Garcia – O Coringa mistos de mistério e misericórdia súplicas e suplícios à beira do caminho rosas a se perderem em conta dos espinhos, vicissitudes e virtudes estão misturadas... E todos feneceram, na vertigem mascarada, Não restou mais alegria, nem sobrou mais nada, sem consolo soçobrou a nau, dessa mentira tão bem maquinada e a verdade ainda não foi contada. |
3.8.06
Sem Revanche Rubem Garcia – O Coringa Já não quero mais nenhum apego, Nem encontro cabeça-de-nego, Já não caminho mais com medo... Tampouco guardo segredos, Ou espalho maledicências... Já perdi minha fé na ciência... Já é largo o descrédito da igreja... Ainda a pouco me deram cerveja... E o que bebi foi amargo. Já é tarde para mais um trago, Ou para trazer de volta a infância. E é tanta e tão ruidosa minha ânsia, Não quer parar meu vômito verborrágico. Já não é meu o momento, não é mágico, Mais um tremelique tragicômico, Perto demais do cogumelo atômico, Longe da parede em que fiquei impresso, Boneco de gesso em propaganda da Esso, É cedo demais para tirar proveito, Clamar por carícia e respeito, Dignidade, misericórdia... Chamar pelos campos da Arcádia, E da Felinia na Amacórdia... Um nome que foi perdido, Foi esquecido por todos nós. Ainda assim estará oculto, Nublando os olhos, embaçando a voz. |
31.7.06
Rubem Garcia - O Coringa
Conflito iminente,
Dois minutos para o poente,
Uma eternidade para o anoitecer...
Cavando trincheiras,
Guardando fronteiras,
Desgarrando-se do que custa a fenecer...
Mas como tudo, também perece,
Em vão os enganos, mui vãs as preces,
Muitos os caminhos onde o Ser padece,
Tantas incertezas para perscrutar...
Escapa ao escrutínio do mais velho sábio,
Escapa ao julgamento do pretor mais hábil,
O escopo dessa trama, o enredo dessa estória,
Toda pasmaceira, todo embaraço,
Toda cerimônia, para armar o laço,
Mais que um percalço, falha na memória...
Abalo na crença, nessa e n’outra vida,
Nunca alcançada a terra prometida,
Longa caminhada, passagem só de ida,
Cujo passageiro pode não chegar.
22.7.06
17.7.06
Rubem Garcia - O Coringa
Muito sinto falta de ser leviano,
De passarem leves os anos,
Tal qual os primeiros...
Muito sinto falta de estar nu em pelo,
Antes dos primeiros...
Pelos pubianos...
Muito sinto falta da grandiloqüência,
Tão mal ordenada…
Da primeira infância.
Muito sinto falta do calor soberbo,
flor esmaecida,
o primeiro beijo…
Muito sinto falta da insegurança,
Dos cambaleantes,
Meus primeiros passos...
Muito sinto falta de estar desperto,
a espontaneidade...
11.7.06
6.7.06
Sem Serventia
(à Wilfredo Santos Lessa, que perdeu a identidade)
Rubem Garcia - O coringa
Sem documentos não sou ninguém
não sou maria, não sou joão,
não tenho casa, não tenho vintém,
nem brioche, bolacha ou pão,
bife de fígado, corte de acém...
Sem documentos sequer existo.
Não sou brasileiro, também não insisto,
finjo de morto, ou esquecido,
não é comigo,
a solução.
O meu quinhão, já foi repartido,
como requerido por petição,
ou maldição,
no deferimento,
do testamento,
deixado em vida,
no lixo da esquina,
bala perdida,
no coração...
Contradição,
feita em queda livre,
rumo ao declive,
na flor da idade,
mal da cidade,
do feudo velho,
no fundo do espelho,
dos olhos fundos,
num fim de mundo,
em um segundo,
de letargia...
na terapia.
mudam os homens,
muda a poesia,
muda a fatia,
de pão na mesa,
dura certeza,
nunca afirmada,
de ser o nada,
uma fina sobra,
lacuna na obra
da raça humana.
ira serena,
de um Deus caótico,
Santo católico
na mão do Nazista,
ponto de vista,
na vassoura da bruxa,
no show da xuxa,
só pros baixinhos,
anões mesquinhos,
do orçamento...
lançam no esgoto a despesa pública,
e nossa súplica,
pelo perdão...
28.6.06
Rubem Garcia – O Coringa.
Que te apraz, rapaz, a santa paz ou a raparigada?
Melhor não declarar nada antes de consultar os búzios…
Antes de estar seguro dos pensamentos confusos…
Que te apraz, rapaz, solos de jazz ou nova metralhada?
Fustiga as teclas do arrependimento, trancado no quarto frio,
Solando pros cantos escusos, do apartamento vazio...
Que te apraz, rapaz, São Tomás ou goles de cachaça?
No bar procura sua resposta, destroçada com tantos escolhos,
Nas missas que te dão fastio, nublando a beleza dos olhos…
Que te apraz, rapaz, antrax ou doce enviado por carta?
Tomado por terrorista, é agente de vida dupla,
De dia matando gente, à noite imitando Supla…
Nada te apraz? Causa-te regalo ou gosto?
Senão o suor do rosto escorrendo no fim do dia?
Nem a luz que a farra irradia nas seduções na madrugada?
Nem respira, Não fala mais nada…
Tua morte/vida me choca…
Parte daqui sem demora, enquanto tomo outra coca…
29.5.06
Antiquadras
(antiquadas)
Rubem Garcia – O Coringa
Não foi preciso mais que um dia,
Para descobrir a verdade.
Nem é a vontade da mente vazia,
Que irá alterar a realidade.
Não é a minha, a sua vaidade,
Que compensará toda uma existência,
Nem esta, nem aquela idade,
Que poderá se valer da experiência…
Nem isso, nem aquilo, o nada conta,
Tantas negativas arruínam a perspectiva,
Escurecem as fagulhas do espírito, que desponta.
Tomam por errada a posição mais altiva,
Ruída na estrutura, fale a mente ativa,
Sem alternativa, cai o ser em franca crise interna.
Decompondo toda criatura viva,
Ultima carícia da essência eterna.
Não é o pão de cada dia, seu único alimento,
Que tentas cavar da terra maltratada?
Não há um signo amigo, um único elemento,
Para trazer conforto ao frio da jornada?
Ou não há por que para acalorar a gargalhada?
Já é muito tarde, muitas são as queixas,
Muitas as perguntas, lutas batalhadas,
Letras trabalhadas, santos, Raul Seixas.
25.5.06
Velho remanso,
terra cultivada,
minha engrenagem enferrujada,
Baralho velho guardado num canto,
Verteram lágrimas damas áureas em pranto,
Pois o coringa ia pastar o cio de novas madrugadas,
Alvíssaras breves em Pasárgada,
Terra sagrada, errante e rara,
Selva mais bárbara, metrópole glamourosa…
Reina majestosa, às margens do atlântico,