30.5.07

Cachaça com Milome

(à Paulo C. – um homem á frente de outros)

Rubem Garcia – O Coringa

Cachaça com milome,

pra espantar lobisome,

Cachaça com milome...

pra arranjar matrimone...

Cachaça com milome,

ajuda a enganar a fome...

Cachaça com milome,

levanta as força do home...

Cachaça com milome,

o segredo já está no nome...

Cachaça com milome,

confunde Xeloque Romes...

"Só pode ser Armadilha,

prisão por formar quadrilha,

em véspera de são joão...

Menino soltando balão,

e velhos soltando bandidos,

O Estado inteiro falido,

seu crédito, seu falo,

escoando pelo ralo,

ditado de quem consome"...

cachaça com milome...

Blues Improvável

Rubem Garcia – O Coringa

Murmurando frases desconexas,

Num diálogo moribundo,

Um solilóquio urbano,

Egresso do submundo…

Vacilando entre parênteses,

(seguro do vento Sul)

Rastejando em semibreves,

Em notas de incerto blue…

No fim, no ponto, esbarro…

A fé cega como faca,

Forçando a barra, na marra,

Fui retirado de maca…

10.5.07

Aviso

(a quem interessar possa II)

Rubem Garcia - O Coringa

A quem interessar possa...

A farsa por aqui,

Já cheira a fossa...

Exaure a força,

Encurta a prosa.

A unha era vermelha,

O rosto rosa,

Deixa um rastro de perfume,

A casa cheia,

Muitos convivas para a ceia,

Migalhas da sua sobra,

Escombros da minha sombra,

Sombreiros pelas encostas,

Janelas às minhas costas,

No azul de metileno,

Estrelas entrecortadas,

Não brilham sem ter escuro,

Não sabem qualquer resposta,

A verdade que foi criada,

Calada e pouco disposta.

7.5.07

Notas Dissonantes

Rubem Garcia - o Coringa

Conforta aqui sua tristeza nova...

Manda as mazelas empoeiradas para os quintos...

Manda aos infernos as maquinações modernas...

Apressada por se trancar na caverna...

Na luta diária, Na agonia eterna...

Na sinfonia de cordas frouxas,

Tocada pela orquestra desmazelada,

Numa cidade desdentada fria e muda...

Um cinza que nos Oprime...

Um concreto que nos Amiúda...

Uma distância que nos afasta...

Uma cilada que nos basta,

Um cadafalso, um calabouço,

Uma afronta qualquer do destino,

Um parvo que nos fura os olhos,

Um tolo agredindo os tímpanos,

um tango argentino...

Esmeraldas engastadas na desgraça,

Enfeitando e ao mesmo tempo poluindo.

4.5.07

Uma Luz Ascende

(lodo e fogo fátuo)

Rubem Garcia _ O coringa

Deve ser algo com o fluxo energético,

Ou mesmo princípio ético,

Explicação metafísica...

A TV nos comandando na dinâmica,

Diluídos os progressos da ciência,

A controlar massas de mentes tísicas,

Anômalas segundo código genético,

Acéfalas, próprias para o consumo prático.

Seu exaltado tom de voz é bem enfático,

O resultado… um tanto quanto melancólico.

A argumentação de um velho mito folclórico,

Distorcida pelo efeito hipnótico.

No bordejar e desejar manter a ótica…

Satã Católico assoprando-lhe a espinha...

Erva daninha escapando do arado.

Deixa um legado imprestável ao meio todo,

Um mal fadado cheiro de coisa morta…

Um mal cheiroso fado lá de Lisboa.