18.8.11

Às Quintas

Maia



Valha nos Deus,
Nossa Senhora...
A noite já vai embora,
é preciso acabar o samba
e me recolher à alcova.
A canseira não é pequena,
saudades da morena
e o peso da bebedeira.
É melhor que ficar de bobeira
manhã inteira mandando rima.
Jogando cachaça por cima,
jogando conversa fora...
e o samba comendo no centro,
“Cumendo com cuento”,
aumentando um ponto...
Valha nos Deus, Nossa Senhora

7.8.11

Pura falta de Vergonha
(sambando na lama)
Maia

Esse teu jeito de dizer que gosta
Esse teu charme
Esse teu jeito de dizer que goza
esse teu charme
essa gilete cega que nos corta a carne
essa luz posta
esse teu charme
e o jeito de me fazer enorme
frente aos mortais
esse teu charme
é de querer e pedir sempre mais
já vão três noites
já não posso mais
esse teu charme
que me domina
sempre corro atrás
esse teu charme
está nas esquinas
nos postos de gás
esse teu charme
está nas putas
nas lutas de sangue
esse teu charme
paralisa as massas
mobiliza as gangues
as motocicletas
esse teu charme
que me quer nos becos
no calor das cobertas
esse teu charme
sempre nos botecos
sempre na sarjeta
esse teu charme

3.8.11

A Marcial

Maia


Já estive em dias de disputas
e noites de consenso formado.
Já houve lutas em que fui o general,
noutras nem soldado raso.
Ficará fácil entender o meu caso
se apelarmos para o passado:
para revelações bombásticas
notas de alto impacto;
melhores momentos que não cabem num compacto;
flashbacks preenchendo alguns hiatos,
colorindo meus momentos de falta de tato.
Não me interpretes mal... mal não lhe faço...
Não finja estender a mão enquanto tenta apressar o passo
rumo ao descompasso do seu coração.
Qquem não consegue fugir da solidão
vai,cedo ou tarde, encarar a fera.
Saber que ela cala fácil, fala macio mas bate à vera...
Deixa os sentidos no chão
deixa hematomas, deixa sequelas...
manchas que Omo não tira,
outras que o tempo leva...
e tudo vira tudo de novo.
Começo sobrepõe-se ao fim
e um mais afim manda no jogo...
quando é bem pago, quando é bem rico,
vence sem rogo: na sorte ou no roubo...
Pouco importa!
A lua já vai alta e a noite é morta...
Suspiros do fundo d'alma.
dá hora mais clara da calmaria
quando nenhum vento sopra.
A melodia é absoluta
sem mão qualquer para segurar a batuta
o universo se rege