30.9.18

Túrgido

Túrgido
Maia

A Melhor hora para nascer
No castelo do que sou.
O universo do que é
Incognoscível...
Avalanche, redemoinho,
remédio amargo e bom,
Ebó
De abrir caminho
Na encruzilhada do destino.

Perfeitas horas da verdade maldita
Das certezas de ocasião
No enredo da livre escolha
Proxima carta do baralho
Imprevisível
Sempre a espera e espreita
Tombando com a proxima vitima
Ou a proxima utopia

Cinzas das horas
Para morrer...
Manto dos céus,
Acolhimento.
Ouve, fogueira,
Leva meu canto
Numa nuvem de fumaça...
Querendo abraçar a dor
Tudo passa.

25.9.18

Idiotas vão entrar pra história da Vitória

Sou filho da terra,
Nenhuma pátria me pariu.
Minha mãe sentiu as dores...

nação que reclama amores,
me dou de graça
Em qualquer banco de praça
Esquina de muitas ruas

Verdade crua pode ser dura,
Mas traz a cura...
é amarga.

A sua praga
Tirei na umbanda.
No meu feitiço a coisa anda,
Verdade muda,
Tanto se fala...

Cristo pregado à bala,
Alemão desfilando em favela...
Um mundo ao alcance do toque.

Meu baião no seu roque
Desliga o truque...
No muque...
Desmonta esse medo
No espelho,
Que é velho.

7.8.18

Jaguar

Jaguar

Maia

Melhor prosseguir impessoal

no trato, no retrato, no papel...

E se a vida não for o mar de rosas,

há de ser um mar e isso basta.

Por bem não propagar ideias gastas,

rotas de tão ultrapassadas, significam nada...

Conversa de demagogo,

crente que logrou mais um engodo.

Machão que se criou, passou o rodo,

dominou tudo... Tarde ou cedo

experimentará o medo, a morte,

a mais profunda solidão...

Sabor do fruto do seu não

ao universo, à vida, ao sonho.

palmos de terra medindo,

água de chuva, grama pela raiz.

Nunca foi feliz...

constrito, incompleto, contrito.

Aproveitando melhor o pecado

que encomendaram na missa.

Um dia a caravana passa,

atravessa o deserto da alma...

suaviza a sequidão,

e faz brilhar uma luz.

Rir-se do cambaluz,

uma vida no chão, de bruços,

envergonhado, torto e cego.

Era apenas um momento.

Liberta o pensamento,

liberta o futuro, liberta o passado.

Não faça a terra estéril, miserável,

liga-se à ela pelo umbigo.

Liberta a amiga, o amigo,

a companheira... Liberta o filho.

Liberta o seu desejo mais estranho,

sem julgamento.