25.5.12

Hipertenso

Maia


Passeio
ao largo do lugar que não pertenço,
à sombra de um luar que não percebo...
por perto um coração que desconheço.
Anseio
por alguma novidade
e teu mamilo,
pela alcova da verdade
e a corcova do camelo.

Receio
o prenúncio do fim da atividade
do circuncidar do prepúcio.
Um tanto mais lúcido,
a pupila me dilata
ciente da curva do teu seio...
Mais um processo,
por certo mais um coração que desconheço...

...e ainda é só o começo
do recreio.

7.5.12

Alguns trocados

Maia

Em cantos extremos do universo
debates sobre o meu destino...
meu verso,
minha alma desgovernada,
meu desatino...
Eu sequer faço parte
ou existo?
Fingindo de morto,
rei torto e sem porto
posto a prova...
Meu nome é povo,
minha nota é a sobra...
minha sombra a multidão.
Em esquinas da vida
cento e cinquenta horas
de horário político
e o que virá se decide
longe dos meus ouvidos.
- as cenas dos próximos capítulos,
dos dramas mais íntimos
ou mais explícitos,
dos momentos mais críticos!
Eu não faço parte disso?
E a ampla defesa?
O devido processo legal?
A presunção de inocência?
Decretaram a minha revelia
por citação editalícia,
arquitetada com muita malicia
por um falso messias,
um salvador da pátria.
Meu nome
e sobrenome é povo.
Oculto no anonimato
questiono os fatos,
a razão de todos os atos,
posturas.
O por traz das aparências,
toda presença, toda ausência
e todo preço que me é cobrado...
Só para ver se me sobram alguns trocados