20.7.14

Pra quem não vê
(Rubem Alves e João Ubaldo)
Maia

Deixa estar...
hei de acelerar o passo
e estancar a beira do precipício.
Por um princípio mecânico
permanecer uniforme
em movimento retilíneo.
Envolvimento mínimo...
não suporto mais qualquer atrito.
Se ninguém quer escutar meu grito,
não é por isso que eu devo ficar calado.
Acomodado à sombra de um passado,
dos mal acabados que não tem futuro.
O Sol clareou meu quarto escuro
pela última vez, nessa madrugada.

Deixe estar...
Hei de tecer comentários infames,
esquecer eventos, datas e nomes
dos que não saciam minha fome.
Socialmente ínfimos...
Não apetece mais qualquer banquete,
uns que compram joguinhos,
outros barganham boquetes,
e somos marionetes do inconsciente coletivo.
O monstro sist está vivo
atacando na televisão,
no horário político,
em plena novela das oito.
Não vão mais servir biscoitos,

nem leite quente pra chamar o sono.