29.12.10

Coisa de pouca importância

Maia

Nada importa...
nada importa...
o mar,
navegar,
a sua porta...
lua cheia,
rua cheia,
a hora morta...
a espada,
o papel,
a faca que lhe corta.

Nada importa...
nada importa...
o vazio,
o frio,
o sangue na aorta...
a represa,
a natureza,
a abertura da comporta...
o segredo,
o medo,
a mente que surta...

21.12.10

Bom conselho

Maia

Menina, mulher,
meu verso é torto...
minhas linhas não são meras
diagonais
diametralmente opostas
às minhas apostas,
Os anjos me esperaram
com as mãos postas
e as costas marcadas no ar
O inverso da minha toada
é a estrada
que passou à sua porta...
como rede de arrasto,
como arresto,
sem retas.
Apenas curvas sinuosas,
ladeiras cavilosas,
armadilhas
e anteparos.
Sou um um navio
a procura de reparos,
um porto arrasado
por disparos de canhão...
A freada de arrumação
do bonde
no final da descida,
o olho escuro
do furação....

Felino ferido

Maia

Deus lhe dê clareza,
força e algum tato...
pra salvar sua vida
e pra cuidar do gato.
julgamento alheio
não se aplica ao fato
pra reforçar seu peito,
ou pra cuidar do gato.
longe da sua mesa,
no sentido lato,
longe da surpresa
se esconde o rato
aguardando,
aproveitando
cada vacilo do gato.
O Diabo espia,
o diabo espreita,
mas não sabe
se o laço rompe
ou estreita.
a comunhão que liberta,
milongas de uma porta aberta,
de uma linha reta
com efeitos colaterais
de infernos astrais
a nublar seus olhos
e guiar seus atos.
Deus te dê malícia,
Deus te de conselhos
pra quebrar o espelho
liberar seus grilos
lacerar seus medos
e cuidar do gato...

1.12.10

Rosa cálida


Maia


o gesto me deste

é o mesmo com que se despe

ou veste

a lucidêz

revela

"Rosa é uma rosa

Rosa é um nome de mulher"

mas não apenas uma

aquela

rosa cálida

morena rosa

vem que eu quero ver você de perto

o meu samba é de rua

o meu verso é incerto

mas o destino, por certo

brincou comigo

mulher, anjo e flor

no mesmo retrato

então eu resoluto

aceito o trato

a travessura que farei

com você em meu quarto.