24.6.10

Corpo Sutil

Maia

três vezes dita a verdade
firma-se no inconsciente coletivo
na totalidade
um novo paradigma
sábios em vão
tentarão decifrar o enigma
dessa existência dúbia
de troglodita e poeta
ser do mundo
e não ser arroz de festa
estar ao largo
sorver a cor da tarde
e o sabor do amargo
sem uma lágrima
num só trago
solitário com um naufrago
cercado por pilhas de gente
ofuscado pelo lusco fusco
da luz difusa do Sol poente
a bússola já não mostra a direção correta
o caminho é confuso
ainda em linha reta
a subida é certa
a alma
aberta
desperta para o sutil
como um elefante numa loja de cristais

7.6.10

Vampiro II

Maia

Noites em contradição
rotinas sem nexo
migalhas de satisfação
em forma de sexo

o giro da roda
desgovernada
seguindo o passo
do coração.
O descompasso
é a compensação
por tanta espera.

Noites de pura ilusão
de puro tédio
esmolas de compreensão
migalhas de sexo

o moto-contínuo
o dia a dia
e toda madrugada
a mesma sensação
de estar vazia
a alma.