28.9.15

Supérfluo vital

Maia 

As vezes
você sangra
e alguém some
por meses...
Não há como dizer 
que é normal
essa luta do bem
contra o mal,
caminhar do herói
à vilania.

As vezes...
é necessária
trégua,
um deslize
num mundo de regras,
algum equilíbrio
no caos.

As vezes o mundo
lhe impõe um tabu
preconceitos, 
julgamentos
caem,
que nem urubu
na carniça...

As vezes 
a engrenagem
enguiça,
e dá preguiça
de consertar.

As vezes a dor 
é tão pequena
que não vale 
à pena 
reparar.

21.9.15

Oxigênio

Maia

Um instante mais,
ou um tempo à mais?
É inutil o desespero, 
amor...
solidão encoleirada.

Momentos demais,
por um beijo mais...
ainda é gesto derradeiro,
amor...
um adeus acobertado.

A luz que me pegou
cansado e magro,
sentado a beira
de um ribeirão,
de um caminho
de caminhar só,
e não se ver
qualquer direção.

Já não há fé em Deus!
Não!
Já não há fé no homem...
Já não há fé no amor!
Não, já não há fé no homem.


Um carinho a mais,
sofrimento é mais...
uma desculpa esfarrapada,
amor...
depois a gente dá risada.

Mundo dos teus ais,
ilusão é paz...
a ignorância é santa,
amor...
sempre de boas companhias.

o fim do pensamento...
o fim do inferno...
o fim desse ciclo...
no final do inverno,
por tudo que se falou
ao Pai Eterno...

Já não há fé em Deus!
Não!
Já não há fé no homem.
Já não há fé no amor!
Não, já não há fé no homem.

15.9.15

Arrasa

Maia

A rosa louca
que me nega o beijo,
me nega a vez
e a louca ilusão do meu desejo,
partiu do Tejo...
lampejo de sorte.

A rosa louca rouba
um beijo da morte,
me concede um mote...
Expressar o dote
faz-se mister no pavão.

Pilatos me lavou as mãos,
Maria, a Magdala, as penas...
As dores seguem mais amenas
por veredas poucas...

A rosa rouca,
tanto tresloucada,
saiu em disparada...
mundo afora.
Agora chora,
ri, e se embriaga.
A minha paga...
A adaga do peito.
Meus muitos defeitos...
sonhos desfeitos sem dor.

Anti-resiliente

Maia

Você
Futuro distante
Eu
Fugindo descrente
A despeito
Do que houve antes
Por respeito
Ao que se faz presente
A trama
Mistério intrigante
Na cova
Espera indigente
A barca
Maré de vazante
Demanda
Que se faz urgente
Você
Presença constante
Eu
Engano das gentes

14.9.15

Mambembe

Maia

Engulas o choro,
e a dor
dessa desilusão...

Estejas atenta,
apenas,
aos teus bocados...
Desse pão-de-mel
amassado
pelo diabo.

Aqui na terra,
mesmo quando
o tempo é ameno,
o clima é pesado.

Qual o teu
coração,
trancado
a cadeado
para a melodia
da minha canção...

Para o meu
mais doce
chamado.