22.1.11

Òké Aro!!! Arolé!
(sou caçador)

Maia


Por trás das sombras
deste canto escuro,
tantos ais por trás dos muros,
degredos e portos seguros,
tantas presas, tantas feras,
tantas cabeças na quimera...
tanto se caça ou se é caçado.

por baixo das sobras
deste estranho mundo...
o fim do ciclo brahmânico,
um fenômeno termodinâmico,
uma rapidinha, ou sexo tântrico?
Uma escolha simples, ou não?

por sobre os escombros
deste novo projeto...
um novo leito, um novo teto,
um desígnio secreto do orixá...
uma explosão de supernova,
o gozo da viúva ao pé da cova
antes mesmo da extrema-unção

Por trás das formas
deste ostracismo...
A pura falta de juízo...
versos tortos, de improviso
e de pé quebrado...
depois de cair do telhado
da casa da minha infância
da rua na adolescência


Por trás das notas
desta nova sinfonia...
cair numa noite vadia,
de muita folia e disposição,
que trago em meu relicário;
em mais um trago de cigarro,
em mais um sarro
no banco de trás do carro,
em mais uma noite no terreiro

Por trás das contas
faço votos para um jogo de búzios...
onde Oxóssi me empreste seu ofá
e eu possa expandir minhas fronteiras.
Trazer fortuna à minha feira.
Cuidar da minha tribo inteira...
do povo da minha aldeia