29.6.11

Qualquer coisa ao molho

Maia

Na base do dente por dente,
do olho por olho...
De alho e bugalho,
em qualquer noite...
num lugar qualquer,
na casa do caralho.
A procura de um amigo,
procura de mulher,
um porto,
ou um pouco de tato...
Nesse mundo meio morto,
no mar, ou no mato
sem cachorro.
De tanta a paz peço trégua,
essa paz armada,
esses fid'uma égua.
Esse prenúncio de guerra,
falsa calmaria...
esse Osama na terra
a suprema ironia
Obama nas alturas.
Essa a brecha do jogo,
água muita me afoga
e a política em voga
é o fogo com fogo.
É o Cristo! É a cruz...
É o espelho no teto,
e nos falta projeto...
essa falta de luz.
A verdade a ser dita
faz-se mister
e não cabe no twitter.

10.6.11

Sonare

Maia

Em tua boca
a minha...
a boca...
a intensa privação de sentidos.
As linhas
mal traçadas dos teus gemidos...
o meu destino.
O tempo, clandestino,
escorrendo em gotas largas
pelo teu pescoço.
Inquietas mãos postas
pelas costas largas,
pelo teu dorso
rasgam véus.
Os teus pelos,
eriçados pelos meus apelos,
denunciam suaves intenções...
desejos secretos...
De amarrar ao pé da cama,
e ser objeto,
animal de estimação, escravo...
Cativeiro, privação...
apenas mais um parvo
no enredo lúbrico da tua ilusão...
Sacrificado ao teu deleite,
ao teu desfrute,
ao seu requinte.
O servo fiel do teu reinado...
Chama-te somente amor para ser de novo batizado!

7.6.11

Outra por ti

Maia

Não é mais noite
já o Sol incendeia
já o instante clareia
já é outra por ti
Um regalo
aproveito e me calo
falo mais por meu falo
é outra por ti
Luz na terra
a verdade me erra
e desperta-me a fera
e foi outra por ti
ou me cegas
o condão que me negas
do luto que que carregas
ou foi outra por ti
cem mil anos
labirintos ciganos
serão muitos enganos
serão muitas as cegas
serão muitos os cortes
de navalha na carne
até os ossos do peito
serão muitos defeitos
mundo polarizado
serão muitos os lados
serão muitas por ti.