26.3.10

Quatro paredes
(o peixe é pro fundo das redes)
Maia

Quando do mundo estou farto
Nada existe
Fora as quatro paredes do meu quarto.

23.3.10

Na Paulicéia

Maia

Que é do mundo senão novas fronteiras?
Que é da vida senão novos encontros?
Que são as dores senão passagens?
E a tais imagens somem-se os desatinos
As noites frias de insônia extrema
A solidão, a forca, a pena
E o ocaso de antigos abandonos
Lanço-me ao mundo como um cão sem dono
Um vira lata a abanar a calda
Festejando o ar da rua
Festejando essa mulher nua...
Que aparece qual esrtela brilhante
Em cama estranha
Festejando a liberdade no meu quarto de hotel
Celebrando novas avenidas
Novos parques
Novo céu...
E o alumbramento que o desconhecido provoca

19.3.10

DESABAFO

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Maia

Diga que não era você ainda há pouco
A me sorrir docemente na estrada...
Diga que não era seu rosto
Me basta
Diga mais...
Foi uma sombra do passado,
Um hiato,
Tanta beleza colhida ao acaso?
Diga ainda...
O caminho que se abre à minha porta,
Onde leva?
Diga que a treva dissipa quando surge a luz...
E o peso da saudade torna-se suave nostalgia
Diga e a poesia fará parte da vida
E a metáfora será o desaforo final
Diga-me que não me ama
E estarei curado

17.3.10

EXODUS
(BY BUS)

Maia

Longe do silêncio dessa noite
Após as fronteiras daquela porta
Caem Chuvas de granizo e de açoite
Para calar esse labirinto vazio
Imperando pela sala morta.
Terras fecundas além estio
Roubam o sono deste alentejano
Recém saído da aldeia primitiva...
O movimento migratório latejando
Em busca de qualquer matéria viva...
De qualquer sinal mínimo de inteligência
De qualquer bactéria extraterrestre
Que traga novo brilho à consciência
Ou algum efeito menor que preste

15.3.10

Shrek
Maia
Eu sou um Ogro
E outro ogro...
Meu sogro...
Condenou-me ao degredo
Do ostracismo
Eu cismo
Em segredo
Se nos separa
A incompreensão
O rancor
O medo
Ou somos mesmo daquelas almas
Que jamais poderão andar juntas.