12.7.11

Avant-garde

Maia

Caso descubram uma nova poética
das coisas reais e concretas,
que transformem poesia em ciência exata
com fórmulas, princípios e tábulas rasas,
não haverá mais refúgio em suas casas,
ou abrigo em baixo das asas da matrona.
Jaracuçu cabeça-de-patrona há de andar solta no terreiro
quando se amealharem sentimentos a esmo,
ou se trocarem versos e olhares por dinheiro
e o poeta em si não valha por ele mesmo,
o próprio peso.
Quando não cortar na carne,
escrever e sair ileso,
sem qualquer risco de ser preso,
sem desafiar normas de conduta.
Quando na poesia só houver filho da puta
recuo e vou lutar guerra de trincheira.
Cultivar poesia verdadeira
nas estufas do meu apartamento,
para depois soltá-las ao vento
tal qual tráfico de entorpecentes.
Hei de colher algum fruto decente.