18.10.13

Elas

Maia

Aquela que me vigia,
a guia,
a que tem cuidado.
Aquela que me deleita,
aceita
e deita livre a meu lado.
Aquela que me enfeitiça,
a bruxa,
a de todo encanto.
A do pranto
e a do babado...
Aquela do meu futuro,
meu lado escuro,
à sombra do meu passado.
Aquela que estiver presente,
Ausente,
a que tem segredos.
Aquela que dorme tarde,
nem sente,
e acorda cedo.
Aquela que é da batalha,
sem malha,
a que é a da luta.
Aquela que me redime,
a santa,
é também a puta.
Aquela quela que me escuta,
astuta,
mesmo quando eu me calo.
A todas o meu carinho
Àquelas...

muito obrigado...

8.10.13

Causalidade

Maia


E por querer
fazer mais nexo
remover barreiras
te tocar no sexo
no sexto sentido

e por querer
ser mais amigo
passar a língua
em teu umbigo

meu bem
eu juro
eu digo
tudo que precisar
ser dito

e por querer
ser mais bandido
mais impulsivo
mais resolvido
a por minha língua
em teu ouvido

e por querer
quebrar o grilo
romper seus medos
sem ter que esbarrar
em mais segredos
ou em trapaças

vou encenando
as minhas tramas
minhas mutretas
minhas batalhas
às vezes
malandro demais
atrapalha.

30.9.13

O parvo
Maia

Sempre escravo de alguém ou de algo.
Sempre o mesmo carrasco contumaz,
nunca o mesmo jazigo.
Sempre o afago da mão amiga,
o abrigo...
e ao menor sinal de perigo
a velha desgraça primaz:
ser expulso do paraíso...
mais um anjo caído.

Sempre Servo de alguém,
sempre surdo,
Desconhecedor do mecanismo,
mal adaptado, ou inapto ao serviço...
sem porque abraçar tal ofício,
indisposto ao sacrifício
e ao sacrilégio.

Sempre escravo de alguém ou de algo,
sempre fugitivo.
Expresso em sentidos ambíguos,
movimentos furtivos,
reações agressivas,
manobras evasivas,
sarcasmo...

Sempre escravos o amo e o asno...

29.8.13

Bode de Guerra
(porque não é do meu caráter ser cordeiro)

Maia

Meus olhos vermelhos
e o meu passado negro
o nosso sombrio segredo
o seu medo
o doce brinquedo e a ilusão
... até os passarinhos
passarão...
Ave do renascimento
lápide de cimento
e o documento
é o que carimbar...
a certidão...
toda verdade a a ser dita
a da meretriz
e a da meritíssima
da louca e da jurisconsulta
a pouca inteligência
que quase me insulta
...já que até os passarinhos
passarão...

9.7.13

No heaven

Maia

Uma agonia
toda madrugada...
- a sinfonia desafinada
de nossas canções -
Os ecos
de nossos passos
nas encruzilhadas
da vida..
Encontros furtivos
e desencontros
que celebram o fato
de ainda estarmos vivos,
sermos humanos.
O quê o progresso
quer que esqueçamos
ano após ano...
Moda após moda...
medo após medo...
Grilo após grilo
que botaram
em sua cuca,
e ela te pega...
te pega daqui...
te pega de lá...

19.6.13

Em que você acredita?

Maia

Circunstâncias
suspeitas
ocorrem nas vielas,
ou morrem na sarjeta?,
Mas bem acima da treta,
acredita em pensar nela?
O que te vem a cabeça
se na hora H da caça
a vítima lhe atropela,
um ladrão antecipa a colheita,
a coisa se ajeita
e você se ferra?
Ainda se pega pensando nela?
Em becos, em bicas, em prantos...
A crença largada nos bancos
sustenta a catedral vazia.
Dos coros restaram os ecos,
por horas
sobraram planos
e da soma dos novos anos...
em quê você acredita?

1.6.13

Que encontro no mundo?

Maia

Tanta palavra a ser dita
e a infinita
necessidade
ficou calada...
Travada
pela língua adormecida,
pela velocidade.
Dois raios
trouxeram a tempestade
e sua vontade mal foi saciada...
Minha vontade
ficou pela tela fria...
Porque cabia dizer
e não foi dito...
pelo martírio,
pelo sacrifício,
pelo sacrilégio...
Pelo vício
desses modernos
amores malditos

6.5.13


CÊ?

Maia

Não sou tão bom
Quanto cê pensa.
Enquanto se aproxima
a treva densa
o mal passo
é meu caminho...
O meu espírito
também é daninho,
também é diabo,
também é exu.
Padilha tragando a fumaça...
Eu sou da cachaça
Da encruzilhada!

Cê pisca o olho
E não sabe de nada...
Cê peca,
Cê seca
Na academia,
Cê geme,
Cê frita,
Cê toma birita e me admira!

Se deite na cama
Pensando que ama
Pensando que goza
Me ame no verso
E me odeie na prosa
Mas saiba, tem troco!
Se um tiro for pouco,
Dou cinco,
Dou dez,
Te prendo aos meus pés,
Com véu e grinalda...

Para comer-lhe os sonhos,
E devorar-lhe a vida...
Sugar até a última gota...
Cê sorri e nem nota
E para na sarjeta
Pedindo moedas
Com loucos e putas
Em tantas calçadas
Em tantos sinais
Cê já não tem volta....

19.4.13

Deu pena!


Maia


Já chega de me torturar

toda vez que chega dezembro.

Sempre lembro...

Entro em qualquer madrugada,

presente ou passada,

repleta de apego.

Eu não posso...

Eu não, nêgo!

Não enalteço o drama

com cinzas espalhadas na cama

por muitos cinzeiros...

A cachaça transforma em lama.

A sombra te chama,

a sobra te espera,

no lugar de haver algo novo.


  • - Acalento!

  • - Acalanto!

Novas formas de canto

na boca do forno,

mas beirando o inferno...

Onde o fogo é eterno,

o movimento insolúvel...

A viúva é volúvel,

logo quer o vizinho,

ou quer mesmo o capeta...

Quer o dono da festa?

uma fresta?

Uma treta...

pra rimar com boceta...

e encerrar o assunto.

16.4.13

Boston
(deles é o reino dos Céus!)
Maia

Um terrorista...
um que gosta
de causar terror
ou espanto.
Um fundamentalista,
fundamental em qual forma de plano?
Desculpe foi engano!
- outra mensagem errada!
Malucos querendo guerra,
do outro lado da terra
a guerra da minha esquina.
Toda carnificina
praticada pelo meu vizinho,
ou gerada em Teu nome.
Um é por medo, outro fome,
mas o tráfico anda bem na boca.
Malandro balança na forca
e ninguém mais sabe de nada...
Com a verdade por baixo,
viciado a tomar esculacho...
A fumaça na lata da viatura raspada,
ou no cano da pistola?
Uma bomba na maratona,
um tiro no jambeiro,
a chacina no bairro da paz,
mais um evento de bola...
O chiclete e a cola,
no sinal da rua...
ignore... a culpa é sua!

6.4.13


Brasa no lume

Maia

Eu ainda vou entrar na dança
e ainda vou morrer se ser eu,
mas não devo morrer de amores.
Nenhuma saberá das minhas dores
mais que eu soube.
O quanto me cabe,
do preço que me coube,
do usufruto
Esse fruto apodrecido
desse jeito.
Bata no peito
e deseje nem ter nascido
Sentimento?
Para que desejar mais sofrimento?
Nessa selva de cimento...
O mundo é seu
mas não lhe pertence.

14.3.13

Anger management

Maia

Just another day
just another ride
just feeling sorry
sister
just missing you
looking for
another day
another ride
another bride
a little more proud
a little more blue
a little bit complicated
for being me

23.2.13

Moeda de troca

Maia

Eu sou o máximo
do paradoxo lógico
num estado ótimo
de hipertensão.
Eu sou naufrago
da acensão meteórica
para deixar eufórica
a noite da bacante.
- Olimpo de falsos amantes_-
Diamantes e perolas
ao alcance das mãos,
o doce regalo
à disposição
de quem puder pegá-lo...
Ainda assim para poucos.
Das sombras do mundo louco
surdo e mudo o meu discurso:
- Melhor largar na banguela,
quem tem filho grande é urso!

27.1.13

Reproduza-se e morra 

Maia 

Já vi arvores nascerem
Constelações já minguaram
Duvidas se consumiram
Rios  se contaminaram...
Foi meu verbo que formou no olimpo
O meu meu lamento causou certo embaraço 
Pus o laço
No pé da andorinha
Erva daninha
No jardim do paço 
Ou repasso feito boi no pasto
Ando gasto
Do meu vasto império
Ando sério
Pelo meu cansaço