23.5.10

O sono dos Justos

Maia

desfaleço
como quem morre a cada sábado
a cada ciclo da lua
como fenece o desejo
trancado a sete chaves
entre quatro paredes

desfaleço
como quem morre em cada madrugada
em cada hora vazia de insônia
como desmaia o desejo
roto, esmaecido,
de cansaço e tédio

é sempre tarde quando acordo
no susto
é sempre tarde quando a verdade
assusta
é sempre tarde para lamentar

cerras-te os olhos e as travas
da porta
a Nau que veio a soçobrar
sem porto
parte sem rota nova vislumbrar

desfaleço
como quem morre a cada evento
de caos desse universo intenso
para renascer em dado momento
mais propício a novos olhares
livres de velhos ressentimentos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Diga ai...