10.3.14

Nome que deram aos Bois
(saiba que os poetas, como os cegos
podem ver na escuridão*)

Maia

Uma bolha de ar
a sustentar uma nau que aderna
na baderna desse universo abstrato.
O antigo trato agora jaz por terra!
Era a guerra em que valia ser soldado.

Dava um caldo de galinha a cada gripe
a egotripe de uma trinca meio confusa.
Quem me usa, quem abusa e quem constrói,
seja a trois, seja a dois sejam milhões
de corações todos na mesma sintonia?

Sinfonia afinada de desejos
de tantos beijos jogados a cada esquina,
e a assassina cruel do meu tesão
tinha à mão minha sina, meu roteiro.
Meio inteiro, meio dividido, meio morto,
eu exorto a robustez dos teus princípios.
Mesmo ímpios, eu confesso os reconheço,
mas não esqueço o quanto me custa a caminhada.

A jornada mexicana em que me encontro
sempre pronto prum descuido do destino.
Eu menino, pensei ser “home”,
saciar a fome era sempre meu desidério...
O mistério cravado na minha existência.

A magnificência dos meus bons passos,
os erros crassos do meu demônio...
só um jogo de hormônios que afetou a quintessência,
e no final da adolescência decretou isolamento.

Numa cela de cimento, de onde logrei o escape...
mas não tem remendo que tape o rasgão nos meus fundilhos.
Da minha fuga do exílio, o excesso ficou de fora,
me custou a demora a me aproximar desse teto.

Para descobrir desolado,
que onde houve um gramado
tem um muro de concreto.


* in Choro bandido -  Chico Buarque de Holanda

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