20.3.12


O inesperado nos bate à porta

Maia

De repente
você deixou de ser criança,
e nem percebe
que já deixou de ser criança.
Nem percebe...
É outro jogo,
é outra dança
e você inocente.
Outra batalha,
outra comédia
e você incoerente...
De repente
você não é adolescente,
e nem sente
que já não é adolescente...
e ainda sente
a velha rebeldia,
inda que sem causa...
A velha agonia
em fins de tarde no domingo...
De repente
você, faz tempo, é adulto...
e é um insulto
ter que pagar tanto tributo,
e é um insulto
sustentar o tal contrato.
De Sol a Sol
pagar o pato
e você cansa...
Porque deixou de ser criança...
e já nem sente,
pois não é mais adolescente...
nem percebe,
que só o tempo te persegue.

3 comentários:

  1. ...e ainda sonhamos com a melhor
    no nosso âmago
    recôndito mais profundo
    sonhamos com a melhor
    com a maior, com a menor
    com mais de dez
    em todas as cores
    que cinco centavos possam comprar
    flores no bolso
    pé-de-moleque
    pede socorro
    ao farnel de intenções
    no alívio da palavra
    no limite da mais sincera
    ainda sonhamos com a melhor
    melhor hora, melhor farra
    melhor gosto, melhor cheiro
    lá no meio da verdade
    no meio da verdura
    coração de manteiga
    coerção mais que meiga
    da raspa singela
    ligeira sensação
    de ainda haver um resto de criança
    escondida no porão
    bem lá no meio
    entre seriedades de segunda

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    Respostas
    1. pensei em colocar um hífen depois da "segunda-" mas achei que seria implicitar demais o duplo sentido para a terça... naturalmente captaste o capotraste!

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