31.8.06

Um mero Símbolo

Rubem Garcia - o Coringa

Poesia é som... Som é silêncio...

Quando engolir o gole de arsênico,

Lembra do claro, lembra do escuro,

Toma partido, ou sobe no muro...

Porto seguro para o traseiro,

Se por dinheiro, melhor ainda,

Sem olhos para baixo, nem corda para cima,

Buscando a rima na contramão.

Buscando a vida, a analogia,

Buscando a trégua na bomba atômica,

Que nem a formiga biônica,

E supersônica,

Ou gim com gelo e água tônica,

De forma irônica,

Égua plutônica quer meu tesão.

Eu mesmo não quero ver a bela...

Mesmo sendo a fera,

Ou a megera que vende caro,

A flor mais pura, o sonho mais caro.

Sem anteparo caiu do muro...

Foi esmurrado, foi agredido,

Ficou ferido... foi dado morto..

Dado estatístico,

Língua de trapo,

Papo de físico,

Cuspe de tísico,

De metafísico...

Cura a tensão.

Não quero a unção quero a cara dura,

O corpo fechado.

Sendo esquecido no meu passado,

Passando cego entre os espinhos,

Meio calado, meio dormindo,

O organismo meio falindo,

E o Estado rindo e confabulando,

Desconfiando e me conferindo,

Negando o salário.

Símbolo honorário de aceitação

Um comentário:

Diga ai...